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Diversidade Espiritual: Todos os Espíritos têm muito a ensinar


Por: Rafaela Paes de Campos

 

O Espiritismo, como Consolador Prometido, tem por objetivo trazer explicações sobre o que já foi dito e ainda enriquecer a vida humana com a apresentação de novas realidades acerca das grandes perguntas que permeiam a existência, mormente o que diz respeito à morte, pós morte, a imortalidade da alma e a comunicação dos Espíritos.

E tendo trazido provas irrefutáveis de que a vida não termina com a morte física e, logo, provando que os Espíritos têm plena capacidade de se comunicarem, há toda uma gama de personalidades conhecidas e desconhecidas que já oferecerem a nós informações a respeito da vida no Plano Espiritual, inclusive os muitos, alguns de grande vulto, que colaboraram com a Codificação da qual hoje somos adeptos.

A Doutrina Espírita jamais colocou-se como detentora de uma verdade absoluta, jamais disse que alguns Espíritos podem se comunicar e que outros são proibidos. Todos os Espíritos têm muito a nos ensinar e cada um tem a sua função dentro dos mecanismos que regem a vida. O que deve realmente importar é o teor construtivo da mensagem, mas, infelizmente, para os encarnados ainda há certa dificuldade neste sentido.

O orgulho ainda nos leva a errada conclusão de que só Espíritos muito evoluídos e famosos (para os parâmetros da Terra) têm condições de nos oferecer mensagens que venham a auxiliar a Humanidade. O orgulho que, inclusive, nos leva a ser enganados, eis que muitos Espíritos, ainda imbuídos de grande maldade – mas que nos conhecem muito bem -, apresentam-se sob nomes respeitáveis e são ouvidos sem filtro, apenas porque nos deixamos levar pela nomeação e desatentamos ao conteúdo da comunicação.

Neste sentido, traz-nos O Livro dos Médiuns: A identidade dos Espíritos das personagens antigas é a mais difícil de se conse­guir, tornando-se muitas vezes impossível, pelo que ficamos adstritos a uma aprecia­ção puramente moral. Julgam-se os Espíritos, como os homens, pela sua linguagem. Se um Espírito se apresenta com o nome de Fénelon, por exemplo, e diz trivialidades e puerilidades, está claro que não pode ser ele. Porém, se somente diz coisas dignas do caráter de Fénelon e que este não se furtaria a subscrever, há, senão prova mate­rial, pelo menos toda probabilidade moral de que seja de fato ele. Nesse caso, sobre­tudo, é que a identidade real se torna uma questão acessória. Desde que o Espírito só diz coisas aproveitáveis, pouco importa o nome sob o qual as diga (KARDEC, 2023, p. 225).

Como nos ensina a citação anterior, o nome pouco importa, mas ainda nos apegamos a tais convenções, dando ao Espírito a mesma importância que damos aos encarnados, de acordo com a posição que ocupam e o que foram quando encarnados. Trata-se de um grande engano, expressão pura do quanto ainda somos apegados à matéria e nos importamos com o que não importa.

Trazendo esta realidade para dentro dos Centros Espíritas, estes que deveriam praticar de forma inequívoca o que ensina as Obras Básicas, ainda há grande e igual dificuldade. Não é equivocado dizer que basta que um Espírito se apresente como Bezerra de Menezes, por exemplo, para que os médiuns deem total abertura à sua comunicação e, muitas vezes, fascinados, não percebam não ser o nobre doutor. E do contrário, seja um Espírito Superior que se apresente como Preto-Velho, Pombagira, Exu, é o suficiente para que o grupo não permita a sua comunicação, julgando que são Espíritos inferiores que precisam ser orientados, e não orientar.

Trata-se de um imenso desserviço, eis que estas Entidades têm sim, e muito, a nos ensinar de descortinar. Principalmente sobre os Espíritos que mais comumente trabalham com a Umbanda, temos muito a aprender. Neste ponto traremos os mais conhecidos.

Os Pretos-Velhos são Entidades que representam grande generosidade, amor e humildade, apresentando-se com a imagem de idosos africanos que foram vítimas da escravização, sendo sábios e pacientes (ARRUDA, 2022, on-line). Os Exus, por sua vez, são Entidades que trabalham como mensageiros, fazendo uma ponte entre o humano e o Divino, sendo ligado à vitalidade, força e proteção (LAZARETTI, 2016, on-line). Por fim, a Pombagira, tem como trabalho no Plano Espiritual o auxílio e guarda de Planos inferiores em termos vibracionais. Estes dois últimos, inclusive, são grandes conhecedores das paixões humanos, seus desejos, defeitos e qualidades (WEMYSTIC, s.d., on-line).

O que nos falta a todos é o conhecimento, a busca por entender o que não faz parte de nossa rotina, mas que faz parte do mundo. Para opinarmos sobre qualquer assunto, é preciso saber do que se está falando, pois, caso contrário, a fala será pautada no preconceito. É o que ocorre nos casos das entidades acima citadas.

Reitera-se, o nome do Espírito não tem importância, o que deve ser pesado por nós, encarnados, é a mensagem, seu conteúdo, sua possibilidade de edificação. Nomenclaturas, cargos, títulos são importantes apenas por aqui, sendo tudo perdido quando estamos na Verdadeira Vida.

Conforme leciona O Livro dos Médiuns: Se a identidade absoluta dos Espíritos é, em muitos casos, uma questão aces­sória e sem importância, o mesmo já não se dá com a distinção a ser feita entre bons e maus Espíritos. Pode ser-nos indiferente a individualidade deles; suas qualidades, nunca. Em todas as comunicações instrutivas, é sobre este ponto, conseguintemente, que se deve fixar a atenção, porque só ele nos pode dar a medida da confiança que devemos ter no Espírito que se manifesta, seja qual for o nome sob que o faça. É bom ou mau o Espírito que se comunica? Em que grau da escala espírita se encontra? Eis as questões capitais (KARDEC, 2023, p. 229).

Portanto, busquemos a essência e não a aparência, ouçamos as mensagens que têm o condão de nos tornar melhores e que podem calçar os nossos caminhos com conhecimentos que nos tornem mais sábios. Aprendamos ao invés de julgar. E que respeitemos a todos.

Axé para quem é de axé, assim seja para quem é se assim seja e amém para quem é de amém!

 

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Referências:

1- ARRUDA, Kelly. Preto-Velho: Simbologias, crenças e proteção dos corpos. Disponível em: https://imaginariobrasileiro.com.br/blogs/news/preto-velho-simbologias-crencas-e-protecao-dos-corpos. Acesso em: 22/05/2024.

2- KARDEC, Allan. O Livro dos Médiuns, tradução Guillon Ribeiro – 1ª edição nov. 2023 – Campos dos Goytacazes-RJ: Editora Letra Espírita.

3- LAZARETTI, Bruno. O que é um Exu? Disponível em: https://super.abril.com.br/mundo-estranho/o-que-e-um-exu. Acesso em: 22/05/2024.

4- WEMYSTIC. Pombagira – Tudo o que você precisa saber. Disponível em: https://www.wemystic.com.br/pomba-gira/. Acesso em: 22/05/2024.

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