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Honrar pai e mãe


Por: D.Villela

A recomendação relativa aos deveres dos filhos para com seus pais é bem antiga, pois figura no Decálogo recebido por Moisés no Monte Sinai, há cerca de 3.500 anos.

Na verdade, os dois primeiros mandamentos - amor a Deus e ao próximo - já contêm toda a orientação de que necessitamos, contudo, dada a nossa imaturidade, foi necessário desdobrá-los em preceitos específicos: não roubar, não matar, honrar pai e mãe...

É válido examinar, então, por que a referência expressa ao comportamento dos filhos quando não houve recomendação análoga, prescrevendo aos pais o cuidado com a prole.

Sabemos que a preocupação com os descendentes, além de um componente instintivo, possui também outras motivações. No passado, quando a maioria da população vivia nos campos, filhos numerosos e sadios significavam mais braços para o trabalho que, por sinal, começava ainda na infância, e mais recursos para a família. Por outro lado, meninos e meninas desenvolvem-se física e intelectualmente, podendo assumir responsabilidades e oferecendo, assim, como que um retorno emocional - e, por vezes, material - aos esforços despendidos pelos pais. Naturalmente isso não ocorre no outro extremo da existência, quando o desgaste produzido pelos anos reduz a capacidade de ação tendendo a tornar dependentes as pessoas mais idosas.

Mas é claro que existe sempre uma dimensão moral nesse relacionamento, pois tanto jovens como velhos são igualmente aptos a receber e dar amor, carinho, alegria e os últimos, além disso, a nos oferecer os valiosos frutos da experiência.

A luta material, ontem como hoje, muitas vezes áspera, leva, não raro, o homem a negligenciar suas obrigações nesse terreno, assistindo os filhos mas falhando com relação àqueles que lhe proporcionaram a vida material aos quais ajuda financeiramente, sonegando-lhes, no entanto, o que é mais importante: a presença e o afeto. Os genitores são procurados enquanto dispõem de vigor que lhes permita participar das tarefas da família mas, depois, quando as forças escasseiam, ocorrem o distanciamento, o isolamento e até o abandono. Todos sabem que a época atual trouxe mobilidade maior ao trabalho, levando, frequentemente, os moços a buscá-lo longe do local em que nasceram. Ainda assim prossegue exequível a prescrição divina, pois é sempre possível telefonar, escrever, enfim, lembrar das pessoas queridas, mesmo distantes.

Abordando esse tema, Allan Kardec é incisivo ao focalizar a ingratidão filial: "Ai, pois, daquele que olvida o que deve aos que o ampararam em sua fraqueza, que com a vida material lhe deram a vida moral, que muitas vezes se impuseram duras privações para lhe garantir o bem-estar. Ai do ingrato: será punido com a ingratidão e o abandono; será ferido nas suas mais caras afeições, algumas vezes já na existência atual, mas com certeza noutra, em que sofrerá o que houver feito aos outros".


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